Mitos e verdades sobre dor de garganta
Muito se fala a respeito dos sintomas e possíveis gatilhos para dores de garganta,
sendo alguns reais e outros infundados
Quando a criança se queixa de dor na garganta a primeira coisa que os pais fazem é eliminar algo gelado do cardápio, depois (mesmo nos dias quentes) não os deixam ficar na frente do ventilador ou ambientes com ar condicionado. Pés descalços, nem pensar! Para as crianças e para os adultos é uma “sofrencia” lidar com tantas dúvidas e mitos que acercam a melhor conduta para aliviar os sintomas. No texto de hoje, além de esclarecer alguns dos mitos, pretendo dar dicas sobre como identificar e lidar com a dor de garganta das crianças.
Entenda melhor o que é e como se dá a dor de garganta:
A garganta possui, em sua cavidade, cílios que funcionam como defesa do organismo. Quando uma bactéria ou vírus se instalam neles, por exemplo, essa defesa fica enfraquecida e, consequentemente pode surgir a dor de garganta. Também, existem outras possibilidades de “irritação” na região que podem ser provocadas pela queda brusca de temperatura (calor x frio repentino ou ambientes quentes x ar condicionado), abuso de alimentos agressivos como pimenta, frutas ácidas, vinagre e gengibre que “arranham” a mucosa e proporcionam dor, assim como ar seco e poluição também são os vilões. O que determina, de fato, a sua origem é o diagnóstico clínico-laboratorial do médico e, se necessário, a investigação por exames complementares. Vale lembrar que as crianças não possuem maturidade imunológica e, por conta disso, é natural apresentarem vários episódios de dores de garganta até os cinco ou seis anos de idade, mesmo àquelas denominadas como mais saudáveis.
Conheça os principais mitos e verdades:
- Tomar sorvete provoca dor de garganta: Depende. Quando a criança não apresenta fator bacteriano, o gelado pode aliviar os sintomas e não faz mal. Mas, ao contrário, quando existe febre, infecção e pus, não pode ser ingerido.
- O uso de ventilador nos ambientes pode provocar novas ocorrências: Também é relativo. Quando não colocado “em cima” da criança, o vento pode arejar o ambiente e melhorar a sensação de desconforto em dias muito quentes, por exemplo. Porém, é importante que não se tenha pó acumulado no local onde há ventiladores para evitar outros problemas como rinite, sinusite e até mesmo crises de asma.
- Ar condicionado provoca dor de garganta: Sim, provoca! Isso acontece, especialmente, porque ele modifica a temperatura do ambiente e retira parte da umidade do ar, ressecando-o e propiciando irritação na garganta. Crianças com pré-disposição não podem ser expostas!
- Temperaturas oscilantes podem ser gatilhos: Verdade. Quando durante o dia temos determinada temperatura e em questão de horas há uma queda brusca, isso certamente pode ocasionar novas crises de inflamações.
- Contato com outras crianças potencializa novos episódios: Depende. Tudo muda quando não há higiene das mãos, objetos e locais comuns onde ficam as crianças. Existe também o fator imunológico, quando uma criança apresenta mais resistência às doenças do que outras – haja visto o exemplo de irmãos, quando um fica doente e o outro não.
- Tomar bastante água contribui para evitar dores de garganta: Sim. Além de hidratar o corpo, a água deixa a garganta “lubrificada” e favorece a manutenção de defesa dos cílios.
- Oferecer balas e pastilhas ajudam no tratamento: Mito. Quem pode indicar o que usar nos tratamentos é somente o médico que avalia a criança. Evite automedicá-las, tão pouco oferecer alimentos potencialmente ‘curativos’ conhecidos na cultura popular. O melhor a se fazer é procurar o especialista para o melhor diagnóstico e tratamento.
Sintomas:
Além da falta de apetite, febre alta, desânimo e possíveis placas brancas com pus nas amígdalas, a criança tende a ficar com a boca seca, mal hálito e aparência abatida. Às vezes os sintomas surgem de uma hora para a outra. A criança brincou normalmente durante o dia, teve aula com participação positiva, se alimentou super bem, mas uma hora depois de chegar em casa apresentou algum dos sintomas. Calma, é assim mesmo! As crianças menores de cinco anos podem apresentar um ou dois episódios desses ao ano até completar cinco anos. Quando este número é maior, vale procurar o especialista para identificar as causas.
Causas:
Não temos como evitar o contágio, pois a criança não pode viver em uma “bolha” de proteção, que será pior para ela. Devemos deixar nossos filhos terem contato com outras crianças, ambientes e situações (seguras) com bactérias e vírus para melhorar a imunidade do corpo. As causas de dores de garganta podem ser originárias de vários fatores, tendo maior incidência com relação à bactérias e vírus. O ar seco, queda brusca de temperatura, poluição e exposição ao ar condicionado (que une o ressecamento do ar e temperatura amena) também são gatilhos para episódios de garganta inflamada.
O que fazer:
Quando a dor vem acompanhada de febre alta, mal-estar, falta de apetite e até placas brancas com pus nas amidalas, é importante a procura imediata de atendimento médico – ambulatorial (mais recomendado para evitar que a criança tenha contato com outras bactérias no ambiente hospitalar e agrave ainda mais os sintomas) ou no pronto atendimento infantil (para casos de maior gravidade). Também, é importante sempre ensinar as crianças a lavarem as mãos e, também, higienizar os objetos compartilhados entre elas para minimizar as possibilidades de contágio.
Tratamentos:
Os tratamentos serão indicados a partir da avaliação e diagnóstico do médico especialista. Não adianta os pais se precipitarem e, por conta, dar remédios oriundos de propagandas televisivas ou mesmo por indicação de terceiros que não são médicos. Tenha cuidado, pois todo medicamento possui efeitos colaterais e pode colocar a saúde e vida da criança em risco. Nunca as automedique, é uma questão de segurança.
Texto: dra. Fernanda Bombarda – CRM: 95033 – Pneumologia Infantil
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Contribuição Textual: Jornalista Carina Gonçalves - MTB 48326
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