Decisão inédita em São Paulo

 garante direito a contribuinte de cosméticos

Justiça Federal determina exclusão de PIS/Cofins da própria base de cálculo


Foto: divulgação / Felipe Mano Monteiro do Paço

Em uma decisão inédita no Estado de São Paulo, a Justiça Federal garantiu a um grande contribuinte do setor de cosméticos o direito de excluir o PIS e a Cofins da base de cálculo das próprias contribuições sociais. 

O caso surge no contexto das discussões provocadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na chamada "tese do século", que determinou a inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo dessas contribuições.

 A sentença, proferida pela Juíza Federal Adriana Freisleben de Zanetti, obriga a União a restituir, por meio de compensação tributária, os valores pagos nos cinco anos anteriores ao ajuizamento da ação.

 O contribuinte, representado pelo advogado Felipe Mano Monteiro do Paço, sustentou que o entendimento fixado pelo STF na "tese do século" deveria ser aplicado ao caso, argumentando que as contribuições sociais, como o ICMS, não se enquadram nos conceitos de receita ou faturamento – base de cálculo do PIS e da Cofins.

Na sentença, a juíza concordou com a argumentação do contribuinte, afirmando que os valores relativos ao PIS e à Cofins não se inserem no conceito de faturamento ou receita bruta, e portanto, sua inclusão na base de cálculo das próprias contribuições seria inconstitucional.

A decisão representa um precedente significativo para outros contribuintes que buscam a exclusão desses tributos da base de cálculo, prometendo um impacto relevante no cenário tributário nacional.

 

Sobre o advogado Felipe Mano: 

Felipe Mano, sócio da área Tributária no Colonhese Advogados, é graduado em Direito pela PUC-SP, pós-graduado pela FGV e mestrando em Direito Fiscal pela Universidade de Lisboa. Com mais de dez anos de experiência, Felipe oferece uma sólida trajetória em consultoria e planejamento tributário, além de atuação em disputas fiscais. Sua participação no escritório de advocacia fortalece o compromisso em oferecer soluções jurídicas de excelência.

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 As múltiplas vidas de uma bruxa

"A Fênix Escarlate: Blanca de Lagash" narra as reencarnações de uma feiticeira que luta pelos direitos das mulheres em diferentes momentos históricos


A Fênix Escarlate é a história de uma mulher com muitas vidas. No século XXI, ela é uma escritora renomada que decide explorar seu lado como feiticeira depois de já ter sido uma bruxa na Suméria, em Jerusalém, em Sevilha e em Paris. Apesar de diferentes tempos históricos e regiões, a protagonista sempre teve um propósito bem estabelecido: o de lutar pela autonomia e pelos direitos femininos.


Obra inaugural de uma saga, Angela Cruz apresenta a trajetória da personagem na antiga Mesopotâmia e na contemporânea cidade de São Paulo. Com arcos narrativos entrelaçados, as duas trajetórias de Blanca convergem em experiências recorrentes entre mulheres de qualquer época, como preconceito, violência e desigualdades.


Na primeira parte do enredo, a narradora da atualidade reconta sua vida do fim para o começo e ecoa inúmeros conflitos sociais. Entre encontros, diálogos e reflexões, percebe o silenciamento das vozes femininas, os impactos dos papéis de gênero e as consequências da objetificação dos corpos. Já o segundo momento retorna para mais de 2 mil anos a.C, quando a protagonista foi perseguida pelo próprio pai, que a considerava marcada por Lilith.


Em todas essas vidas bruxescas, fui maltratada, desrespeitada, humilhada, destituída de direitos, violentada e condenada. Na maior parte dessas vidas, morri sem o direito de defesa. Mas em todas elas lutei por mim, por minhas irmãs mulheres, companheiras e iguais. Ao longo dos tempos, encontrei aliadas e aliados para essa luta. Descobri maneiras e desenvolvi estratégias para me desviar de maldades e conseguir alcançar alguns benefícios, privilégios ou vitórias sobre malfeitores, dominadores ou contra quem pudesse nos causar males. (A Fênix Escarlate, pg. 11)


Entre ficção e realidade, Angela Cruz introduz detalhes sobre bruxaria e as diferentes perspectivas que adquiriu com os anos. “A obra é permeada pela prática da bruxaria, uma filosofia de vida que está entranhada na sociedade, na alma humana, em todos os cantos do mundo. Ela existe desde sempre e se transmutou por séculos, ora sendo aclamada como única salvação, ora execrada como algo odioso”, explica.


O livro desconstrói a imagem das feiticeiras e as aproxima do cotidiano. Entre as páginas, os leitores percebem como esses costumes místicos estão presentes de forma recorrente: no desejo de que uma situação aconteça na vida de alguém ou no poder do amor para transformar o mundo. A partir dessa conexão, a saga reforça que o trabalho em prol das mudanças sociais pode até ser guiado pelas feiticeiras, mas é ecoado em todas as pessoas que tornam a equidade e a justiça um compromisso diário.


FICHA TÉCNICA

Título: A Fênix Escarlate
Subtítulo: Blanca de Lagash
Autora: Angela Cruz
ISBN: 978.65-5872-991-4
Páginas: 372
Preço: R$ 72,84 (físico) | R$ 24,90 (e-book)
Onde comprar: Amazon | Uiclap


Sobre a autora: Angela Cruz é advogada e professora universitária aposentada. Doutora em Direito, mestre em Educação Escolar e bacharel em Ciências Sociais e Ciências Jurídicas, sempre sonhou em escrever. Publicou coletivamente obras como “Os Gomes Regateiro no Brasil: histórias da imigração portuguesa” (2016) e “Depois da Festa: histórias e memórias dos egressos do Curso de Direito” (2021). Hoje, dedica-se integralmente à literatura e estreia na ficção com a saga épica A Fênix Escarlate. Nascida em Itajobi/SP, é mãe de três filhos e avó de quatro netos.


Redes sociais da autora:

Instagram: @aacduran64
Facebook: Angela Cruz Duran

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 Empreendedorismo como oportunidade: Programa abre portas para mulheres investirem em seu negócio

Curso de seis meses oferece incentivo financeiro, além de mentorias individuais desde a idealização de negócios até estratégias de comercialização

As mulheres já são maioria entre os brasileiros que pretendem empreender nos próximos anos. De acordo com o Monitor Global de Empreendedorismo 2023, entre as 47,7 milhões de pessoas com intenção de se tornarem empreendedoras até 2026, as mulheres representam 54,6%. Elas ultrapassaram os homens, que eram maioria na pesquisa realizada em 2022. O relatório técnico do Sebrae sobre o empreendedorismo feminino divulgado em 2024 mostra que mais de 10 milhões de mulheres estão hoje à frente do próprio negócio. E um projeto no interior do Paraná vem buscando acelerar esses números e reunindo histórias como a da nova empreendedora Fernanda Brasil, moradora de Toledo, no Oeste do estado.  


“A Fer que entrou aqui não é a mesma que está saindo. Os últimos meses foram transformadores”, conta emocionada a jovem de 36 anos que foi uma das participantes da terceira edição do programa Empreende Mulher, realizado pelo Biopark Educação. “Hoje sou uma empreendedora e tenho consolidado meu posicionamento como impulsionadora de talentos de crianças e jovens”, destaca.


Formada em pedagogia e arquitetura, Fernanda sempre trabalhou em escolas de Toledo (PR), onde reside. No início de 2024, soube do programa Empreende Mulher e, movida pela curiosidade, decidiu se inscrever. “Nunca me achei uma empreendedora, mas aqui me descobri. Foi um caminho árduo, um processo difícil, com muito choro, mas também de muita transformação. Descobri traumas que, de certa forma, me paralisavam no ato de empreender, mas eles viram em mim uma empreendedora, e hoje saio daqui com meu negócio consolidado”, afirma. 


Outra participante, a artesã e agora empreendedora, Dirce Galvão, começou a mudar a sua trajetória durante a pandemia. Na época, ela decidiu deixar o artesanato de lado e se dedicar à produção de bolachas e outras guloseimas afetivas. Moradora de Palotina, a 60 km de Toledo (PR), ela enfrentou  a estrada para participar do programa e impulsionar seu negócio. “Me sinto realizada na cozinha, mas sabia que podia melhorar minhas vendas e meu negócio. E ele se transformou aqui. Hoje, só faço alimentos sem glúten, porque percebi que era uma necessidade do mercado e tem dado muito certo. Não consigo mais aceitar encomendas para o Natal, e tenho certeza de que as coisas irão melhorar cada vez mais”, relata entusiasmada. “Consigo surpreender meu cliente com o sabor, textura e o afeto que estão presentes nos meus biscoitos”, conclui. 


Incentivo para continuar

Promovido pelo Biopark Educação, localizado no Biopark — Parque Tecnológico do Oeste do Paraná, o curso Empreende Mulher é apenas o início de um projeto muito maior. Com duração de seis meses, o programa reúne 30 participantes, cada uma recebendo um incentivo mensal de R$ 400 durante o processo de formação. Ao final do curso, os três projetos com melhor desempenho são premiados com valores de: R$ 15 mil para o primeiro lugar, R$ 8 mil para o segundo e R$ 5 mil para a terceira colocada. Os projetos são avaliados ao longo das etapas e no pitch final. 


“As interessadas passam por um processo seletivo composto por duas etapas. A primeira é a avaliação da empresa ou proposta de negócio, e a segunda é uma entrevista para análise do perfil empreendedor”, explica o coordenador do projeto, Hermes Inácio. “Uma coisa é certa: as mulheres e os projetos que começam aqui saem transformados. Iniciamos com a fase de ideação e seguimos até a introdução do produto no mercado. Durante esse processo, realizamos mentorias individualizadas”, ressalta Hermes. 


História de Sucesso

A nutricionista Adriana Cunha é um dos cases de sucesso do Empreende Mulher e já está faturando com sua empresa. Participante da segunda edição do programa, Adriana ingressou com uma ideia e saiu com uma empresa estruturada, emitindo notas fiscais. “Morava em Mato Grosso do Sul e me mudei para Toledo cinco dias antes do início do curso. Cheguei sem conhecer ninguém, apenas com uma ideia na cabeça. Saí com uma empresa, a Greenbox, que é uma fazenda urbana. Agora, estou com minha empresa dentro do Biopark, trabalhando no desenvolvimento de produtos não perecíveis que possam ser comercializados em outras regiões do país”, explica Adriana. 


Sobre o aprendizado obtido no Empreende Mulher, Adriana destaca que retornar à sala de aula, após anos de formação, foi desafiador, mas essencial para seu desenvolvimento profissional. “As mentorias individualizadas foram fundamentais durante todo o programa. É muito bom contar com alguém olhando, de forma específica, para sua empresa”, finaliza.


A próxima edição do Empreende Mulher está prevista para o segundo semestre de 2025, com inscrições abertas no Dia da Mulher.


Sobre o Biopark

O Biopark está localizado em Toledo, região Oeste do Paraná, em uma área de mais 5 milhões de m². Com o foco no desenvolvimento regional por meio da educação, da pesquisa e da geração de negócios, o Biopark já conta com mais de duas mil pessoas circulando diariamente em seu território. Atualmente, mais de 180 empresas já atuam no local, gerando empregos e progresso. Três instituições federais de ensino estão instaladas no Biopark, a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e o Instituto Federal do Paraná (IFPR). Em 30 anos, o Biopark deve receber mais de 500 empresas, ofertar 30 mil postos de trabalho e ter população de 75 mil moradores.



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 Artigo: O recuo que não apaga o abuso


Por Dra. Juliana Bueno - advogada  e consultora tributarista na JBueno Consultores e Advogados e Lucro Real Consultoria empresarial

A tentativa da Receita Federal de monitorar movimentações financeiras via Pix acima de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para jurídicas expõe o autoritarismo silencioso que se instaurou sob o pretexto de controle fiscal. Em um país onde o Pix se consolidou como ferramenta essencial para pequenos comerciantes, trabalhadores informais e milhões de brasileiros excluídos do sistema bancário tradicional, a medida proposta pelo Governo Federal é um ataque direto à privacidade e à sobrevivência econômica dessas pessoas.

Além disso, revelou uma incapacidade crônica de dialogar com a realidade do povo brasileiro. Entretanto, ao recuar diante da pressão popular, escancarou sua fragilidade estratégica e a falta de convicção nas decisões que toma.

Embora a Receita Federal tenha alegado que o monitoramento de cartões e depósitos já existia, o avanço sobre as transações via Pix eleva a vigilância estatal a níveis inéditos. Ao forçar fintechs e operadores de maquininhas a reportarem informações, o governo se arma contra o cidadão comum como se ele fosse um grande sonegador. A mensagem é clara: desconfiar do trabalhador honesto enquanto grandes esquemas de corrupção continuam a drenar bilhões dos cofres públicos sem solução aparente.

A reação popular a essa invasão foi emblemática. O vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), criticando a medida, viralizou com números que ultrapassaram a própria população brasileira. As mais de 275 milhões de visualizações no Instagram representaram uma pancada tão forte que forçou o governo a recuar. Lula teve que jogar a toalha para não ir à nocaute.

É revelador que a administração federal, incapaz de comunicar seus atos e refutar a avalanche de críticas, tenha cedido à pressão das redes sociais. Um governo que precisa ser confrontado pela internet para entender os anseios do povo mostra o quão desconectado está da realidade. O Pix uniu o povo.

Infelizmente, esse episódio não é um caso isolado. Ele reflete uma mentalidade governamental que age primeiro e pensa depois, sem considerar os impactos econômicos, sociais e, sobretudo, políticos de suas iniciativas. A Receita Federal, ao propor uma fiscalização desse tipo, demonstrou uma visão míope: atacar pequenos valores enquanto grandes esquemas de evasão fiscal, lavagem de dinheiro e corrupção seguem sem a devida atenção. A quem realmente interessava essa medida?

Como o deputado pontuou no vídeo viral, o verdadeiro “vilão” não é quem movimenta R$ 5 mil para pagar contas ou sustentar uma família, mas sim o sistema que perpetua desigualdades e tributa desproporcionalmente os mais pobres. A desconfiança gerada por essa tentativa autoritária poderia ter levado milhões de brasileiros a abandonar o Pix e recorrer a métodos informais de transação, prejudicando a economia e fomentando práticas menos transparentes.

Esse episódio também expôs um governo que patina entre a vontade de ampliar a arrecadação e o medo de desagradar sua base de apoio. Essa ambiguidade é perigosa, pois reforça a percepção de que o Estado não tem controle sobre sua agenda e age de maneira reativa, sempre sob pressão.

Mesmo com a revogação da norma, o estrago está feito. A confiança no sistema financeiro foi abalada, e a narrativa de que o governo planeja "vigiar o pobre" foi alimentada pela incompetência também na comunicação oficial. Lula não entendeu que o Brasil não é mais o de 2003, não é mais analógico, mas sim digital.

A recente Medida Provisória que reforça a gratuidade e o sigilo do Pix soa mais como um esforço desesperado para apagar o incêndio do que como um compromisso genuíno com a privacidade e a liberdade dos cidadãos.

Por ora, o recuo do governo é uma vitória parcial, mas o alerta está dado. A sociedade precisa permanecer vigilante. Quando o Estado decide avançar sobre os direitos individuais sob qualquer justificativa, ele ameaça a liberdade de todos. Não é o Pix que precisa de monitoramento; é o governo que precisa de limites.

Fonte: assessoria de imprensa
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 Superdotados ou Impostores? 

A Verdade Sobre Testes de QI




Na era digital, onde a informação está ao alcance de um clique, a avaliação da inteligência humana tem se tornado um campo minado de falsas promessas. Testes de QI online, testes básicos como o Raven, e aqueles para a admissão em sociedades de alto QI, que exigem percentis de 98, frequentemente são questionados quanto à sua precisão.

Especialistas de várias partes do mundo concordam: para uma avaliação verdadeira da inteligência, é imprescindível a realização de testes supervisionados, que muitas vezes se estendem por mais de um dia e são embasados em métodos científicos comprovados. "Um teste de QI sem supervisão é como uma corrida sem fiscalização; os resultados podem ser, e muitas vezes são, manipulados", afirma Dr. François Baroin, psicólogo especializado em avaliação cognitiva.

O debate se intensifica quando se toca no tema das sociedades que afirmam agrupar indivíduos de alto QI. Algumas dessas organizações têm sido criticadas por utilizar testes desenvolvidos por supostos psicometristas, cuja credibilidade e métodos são duvidosos. "O verdadeiro teste de inteligência não é apenas sobre acertar questões, mas também sobre a integridade do processo de avaliação", adiciona Dr. Baroin.

Entre os superdotados, a justiça é uma qualidade frequentemente destacada. No entanto, há uma contradição quando alguém se autodenomina superdotado sem ter passado por uma avaliação padronizada e respeitada, como a Escala Wechsler. "Se você se recusa a fazer um teste reconhecido, isso levanta suspeitas sobre suas verdadeiras capacidades", comenta Dr. Baroin.

Além disso, a discussão sobre a adequação dos testes de QI é recorrente. A inteligência verdadeira, argumentam os especialistas, deve ser demonstrada em múltiplos contextos e não em um único formato de teste. "Se você é realmente inteligente, você se adapta e supera em qualquer cenário de avaliação", diz Baroin.

Na busca por autenticidade e justiça, a IIS Society, uma das antigas no cenário das sociedades de alto QI, decidiu tomar uma posição firme. A partir de agora, testes não supervisionados não serão mais aceitos para a admissão. "Queremos que o QI dos nossos membros seja um verdadeiro motivo de orgulho, não uma ilusão criada por testes sem credibilidade", declara um porta voz da sociedade, Dr. François Baroin.

Este movimento da IIS Society pode ser um sinal de uma nova era na avaliação de inteligência, onde a integridade e a ciência são os verdadeiros mediadores da genialidade.

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 O que mudou em 40 anos? 

Autor analisa costumes brasileiros em romance policial


Na entrevista abaixo, o escritor Délio Galvão comenta sobre a importância de refletir acerca das transformações sociais através da literatura


Autor de Selva de PedraDélio Galvão cresceu em um país bem diferente do que é hoje: na década de 1980, os brasileiros ainda viviam na ditadura militar, e muitos jovens tinham uma liberdade restrita. Assuntos sobre sexualidade eram tabus no lar, e as desigualdades raciais e de gênero eram naturalizadas no dia a dia. Esses contextos mudaram em vários sentidos, mas o autor decidiu utilizar a literatura para analisar as transformações ocorridas na sociedade e para refletir sobre tudo aquilo que permanece o mesmo.


Além de narrar as investigações sobre um crime que atravessa 20 anos no tempo, a obra endossada por Raphael Montes faz um retrato fidedigno do Leblon. As três décadas em que viveu no bairro foram cenários importantes na vida do autor, que comenta: “saí do Leblon, mas o Leblon nunca saiu de mim. Praia, ruas, bares e restaurantes formam o cenário do livro, não por acaso. Eu conheço cores, cheiros e sabores do bairro com muita propriedade. Sei que consegui passar um pouco de tudo isso para este caldeirão, que é o Selva de Pedra”.


Confira mais detalhes da entrevista abaixo:

1. Você já tem contos, crônicas e obras infantojuvenis publicadas e “Selva de Pedra” é o primeiro romance policial da sua carreira literária. O que o motivou a explorar esse novo gênero? Quais foram as diferenças que você sentiu durante o processo de escrita?

Délio Galvão: Suspense e mistério sempre estiveram presentes em todas as minhas obras. Adoro criar clima de suspense e tensão em tudo que escrevo. Por exemplo, a coleção infantojuvenil O diário das fantásticas viagens de Giovana contém um mistério por trás da localização de 5 cristais mágicos que estavam desparecidos em algum lugar do Brasil. Além disso, criei um personagem com a habilidade de viajar no tempo, que só tem a identidade revelada ao final do 4º volume.


Sempre adorei os romances policiais. Li diversos livros de Raymond Chandler, George Simenon, Leonardo Padura, Rubem Fonseca e Luis Alfredo Garcia-Roza. Este último eternizou o detetive Espinosa, que investigava crimes em Copacabana, e me motivou a criar o detetive Pessanha, que investiga crimes no Leblon.


As diferenças entre os dois segmentos, juvenil e de adultos, são enormes. A adaptação do meu processo de escrita envolveu muito estudo, leitura e cursos com grandes escritores e profissionais da área. Dentre os quais eu destaco o curso que fiz com o Raphael Montes (“Escreva o seu Romance”). Cabe destacar que o Raphael Mondes endossou o Selva de Pedra, ao enviar uma frase que está publicada na contracapa do livro. O outro curso que destaco foi com o do diretor Jorge Furtado (“Roteiro: do início ao fim, passando pelo meio”). Foi um curso que me ajudou a montar narrativas rápidas e diretas, com cenas de ação e diálogos curtos.


2. A obra é ambientada no Leblon, um dos cartões postais do Rio de Janeiro. Qual sua relação com o bairro?

D.G.: Eu nasci em Copacabana e me mudei para o Leblon quando tinha 4 anos. Vivi intensamente o bairro até os 24 anos. Ali nasceram meus 3 irmãos. Eu morava em um apartamento na Ataulfo de Paiva e estudava em Botafogo. Pegava um ônibus circular todos os dias para chegar à escola. Neste mesmo apartamento, assisti à separação de meus pais. Dez anos depois, eu me formei em Engenharia e me casei. Foi então que eu tive que me mudar. Saí do Leblon, mas o Leblon nunca saiu de mim. Praia, ruas, bares e restaurantes formam o cenário do livro, não por acaso. Eu conheço cores, cheiros e sabores do bairro com muita propriedade. Sei que consegui passar um pouco de tudo isso para este caldeirão que é o Selva de Pedra.


3. Além de ter uma investigação sobre uma morte, o enredo também atravessa algumas complexidades das diferenças sociais do Brasil. De que maneira você inseriu esses temas na obra e as utilizou para dar mais profundidade à trama?

D.G.: O romance é contado em dois tempos em um bairro de classe média alta, o Leblon. A primeira parte se passa no início da década de 1980, quando ainda vivíamos a ditadura militar. Acredito que a grande maioria dos jovens da época, assim como eu, foi criada com rígidos padrões de respeito e de restrita liberdade. 


O machismo, o racismo e o sexismo, entre outras desigualdades vindas de uma sociedade patriarcal, eram muito presentes dentro de casa e no dia a dia. Além de assuntos como sexo, drogas, orientação sexual serem vistos como tabus e pouco falados. Apesar disso, os jovens se mantinham em uma busca incessante por novidades e pelo desconhecido. A ambientação do livro retrata este momento, bem como a forma como estes assuntos são tratados nos dias de hoje.


4. O livro tem linhas do tempo distintas, com 20 anos de diferença. Que características os leitores notam entre o RJ de 1980 e o de 2000 a partir da obra? E como você pensou nas diferenças entre os próprios personagens?

D.G.: As diferenças na geografia do bairro e na criação dos filhos, de 1980 para hoje, são muito grandes. Aliás, me assusta lembrar a forma como fomos criados. A sandália virada de bruços, em cima do colo da mãe, para aprendermos a tabuada ou para comermos as verduras do prato e tomarmos o remédio amargo. Azul para o quarto dos meninos e rosa para o das meninas. A forma como criamos nossos filhos hoje em dia é muito diferente.


Principalmente as filhas, que venceram tabus e cada vez mais se apresentam em igualdade de condições com os homens. Deixaram para trás aquela mulher submissa que se apresentava como “do lar” ao ser perguntada sobre sua profissão para censo do IBGE. Estes aspectos são bem caracterizados na mudança de tempo por qual o livro passa, antes de ser desvendado o mistério por trás da morte de um jovem.


5. O que os leitores podem esperar durante a leitura do livro? E quais lições espera que eles extraiam?

D.G.: Ganância, ciúmes, traição, crime e castigo, está tudo junto e misturado em Selva de Pedra. O leitor vai passear com os investigadores por ruas, bares e restaurantes do Leblon enquanto investigam a morte de um jovem. Responder as perguntas “quem morreu, quem matou e por que matou?” formam a linha condutora deste romance que irá surpreender o leitor com inúmeras reviravoltas, algumas mortes e muitas traições. Espero que gostem, que observem as diferenças de cultura e hábitos pelos quais passamos, o quanto melhoramos e de quanto ainda precisamos evoluir.


Sobre o autor: Délio Galvão começou a carreira literária aos 56 anos com a publicação da coleção de livros infantojuvenis O diário das fantásticas viagens de Giovana, publicada pela Editora Bambolê. Recebeu o prêmio Ases da Literatura de 2023 por Crônicas para Casais quase modernos, sua primeira obra para público adulto. Possui diversas crônicas e contos publicados em antologias de diferentes editoras. Já havia publicado narrativas curtas de suspense e tramas policiais, mas Selva de Pedra é seu primeiro romance do gênero.


Instagram do autor: @deliogalvao.escritor

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 O Mundo do Circo SP lança programação de 2025 com

atividades especiais de férias e espetáculos para toda a família


EnCanto, da Palhaça Rubra | Link para fotos em alta resolução 


Em 2025 tem circo? Tem, sim, senhor! A programação gratuita de janeiro d’O Mundo do Circo SP, iniciativa da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerenciada pela Associação Paulista dos Amigos da Arte, está esperando por você com espetáculos para toda a família e atrações especiais para garantir muita diversão nas férias da criançada.


Durante o mês, o espaço recebe Cavaco e Sua Pulga, da Caravana Tapioca (11/1, 17h), Charanga da Tramp, da Cia Tramp de Palhaços (12/1, 17h), Um Novo Dia, do Circo Miller (15/1, 11h e 14h), Circo Bremer (16/1, 11h e 14h), EnCanto, da Palhaça Rubra (18/1, 17h), Circo Max (22/1, 11h e 14h), Up Circus (23/1, 11h e 14h), Wakatta, do Grupo Oculto do Aparente (26/1, 17h), Circo Spadoni (29/1, 11h e 14h) e Circo Viver Com Arte (30/1, 11h e 14h). 


Em janeiro ocorrem também intervenções circenses da Mundo Trupe (quartas e quintas, das 10h às 14h, e sábados e domingos, das 12h às 17h) e as Férias no Circo com o CircoShow (sábados e domingos, das 11h às 12h e das 13h às 17h), que promove oficinas e brincadeiras circenses para crianças e adultos viverem juntos a magia do circo.


Confira a programação completa abaixo (todos os espetáculos possuem entrada gratuita, com distribuição de ingressos na bilheteria uma hora antes do início de cada apresentação e estão sujeitos à lotação). 


Intervenções circenses da Mundo Trupe, até 30 de janeiro, em horários diversos


Palhaços, malabaristas, pernaltas, acrobatas… As performances artísticas são espetáculos à parte que ocupam de forma lúdica os arredores do Parque da Juventude e instalações de O Mundo do Circo SP. A Mundo Trupe é uma formação rotativa constituída por artistas diversos do picadeiro, rua e teatro, do Brasil e do mundo, que estiveram ao longo do ano na linha de frente das intervenções n’O Mundo do Circo SP. A trupe propõe o rompimento da quarta parede, proporcionando vivências intimistas e experiências inusitadas diante do público.


Classificação etária: Livre

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Cavaco e Sua Pulga, da Caravana Tapioca, no dia 11 de janeiro de 2025, sábado, às 17h, na Lona Picolino


Transportando o público para o universo clássico e imaginário do circo de pulgas, o espetáculo apresenta Maria, a pulga adestrada que chega de paraquedas, canta, faz música com panelas, cospe fogo e doma uma fera. Tudo isso ao lado de Cavaco, o excêntrico domador e condutor desse grande show!


Classificação etária: Livre

Entrada gratuita

Duração: 45 minutos

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Charanga da Tramp, da Cia Tramp de Palhaços, no dia 12 de janeiro de 2025, domingo, às 17h, na Lona Picolino


A Charanga da Tramp une música e circo em um espetáculo cheio de habilidades acrobáticas, números de mágica, lutas espetaculares, canções e muita palhaçada. Com Pompeu como Maestro e Chimpa como Mestre de Cerimônias, o quarteto propõe o resgate dos pequenos circos mambembes que marcaram o interior do Brasil, ressignificando o clássico para o nosso tempo.


Classificação etária: Livre

Entrada gratuita

Duração: 60 minutos

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Um Novo Dia, do Circo Miller, no dia 15 de janeiro de 2025, quarta-feira, às 11h e 14h, na Lona Picolino


Espetáculo cultural e teatral que reúne malabaristas, palhaços, acrobatas e números aéreos, transportando o público para a magia e emoção do circo tradicional.


Classificação etária: Livre

Entrada gratuita

Duração: 50 minutos

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Circo Bremer, no dia 16 de janeiro de 2025, quinta-feira, às 11h e 14h, na Lona Picolino


Com um elenco formado por gerações de artistas circenses, o Circo Bremer apresenta um espetáculo emocionante que resgata as origens do circo clássico e celebra a cultura passada de pai para filho.


Classificação etária: Livre

Entrada gratuita

Duração: 50 minutos

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EnCanto, da Palhaça Rubra, no dia 18 de janeiro de 2025, sábado, às 17h, na Lona Picolino


Um espetáculo musical com elementos circenses voltado para crianças e suas famílias. Com cenas cômicas, malabares, equilibrismo e improvisações musicais, a Palhaça Rubra (Lu Lopes), acompanhada pela musicista Masina, envolve o público em uma experiência afetiva e criativa.


Classificação etária: Livre

Entrada gratuita

Duração: 45 minutos

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Circo Max, no dia 22 de janeiro de 2025, quarta-feira, às 11h e 14h, na Lona Picolino


O Circo Max traz o mais tradicional do circo, com palhaços, mágicos, equilibristas e toda a emoção que só o circo pode oferecer.


Classificação etária: Livre

Entrada gratuita

Duração: 50 minutos

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Circo Spadoni, no dia 29 de janeiro de 2025, quarta-feira, às 11h e 14h, na Lona Picolino


Com números do circo tradicional e locutor dando boas-vindas ao público, o Circo Spadoni apresenta um show completo que cativa todas as idades.


Classificação etária: Livre

Entrada gratuita

Duração: 60 minutos

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Endereço de O Mundo do Circo SP: Av. Cruzeiro do Sul, 2630 - Carandiru, São Paulo - SP, 02030-100


Sobre O Mundo do Circo SP

O Mundo do Circo SP é uma iniciativa da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas com gestão e curadoria da Organização Social Amigos da Arte. O programa foi criado a partir do desejo de valorizar a experiência lúdica e afetiva do universo circense. 


Dividido em três grandes lonas – Grande Lona, Lona Multiuso e Lona Exposição -, o programa ocupa um espaço de mais de 10 mil m² do Parque da Juventude, na capital paulista. O Mundo do Circo SP tem uma programação variada com artistas nacionais e internacionais que contemplam todo o universo circense, promovendo espetáculos para todos os públicos, além de performances e números de rua, exposições, oficinas, seminários e workshops.


Sobre a Amigos da Arte

A Associação Paulista dos Amigos da Arte é uma Organização Social de Cultura que trabalha em parceria com o Governo do Estado de São Paulo desde 2004. Música, literatura, dança, teatro, circo e atividades de artes integradas fazem parte da atuação da Amigos da Arte, que tem como objetivo fomentar a produção cultural por meio de festivais, programas continuados e da gestão de equipamentos culturais públicos. Em seus 20 anos de atuação, a Organização desenvolveu mais de 70 mil ações que impactaram mais de 30 milhões de pessoas.

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