Luís Henrique Pellanda lança
livro de crônicas
com desenhos de Raro de Oliveira
Antologia
inédita marca 10 anos de carreira do autor
"Calma,
estamos perdidos" (Editora Positivo) é o título do quarto livro de
crônicas do curitibano Luís Henrique Pellanda, que está celebrando dez anos de
carreira literária com a publicação de sua primeira antologia. Com ilustrações
de Raro de Oliveira, o livro reúne 58 crônicas urbanas. “É o olhar do autor
para a própria obra, durante uma década de carreira”, destaca Cristiane Mateus,
editora do livro.
As crônicas
falam sobre todas as grandes metrópoles. "Acredito que a cidade, enquanto
invenção humana, enquanto produto da criatividade do animal engenhoso que
somos, foi um de nossos maiores sucessos, e nos fez prosperar enquanto espécie,
mas, por outro lado, as cidades que inventamos para nos proteger da natureza,
de onde aos poucos fomos nos retirando, se tornaram perigosas também para nós.
E agora somos esse bicho que se sente perdido e inseguro na própria casa e já
não pode retornar à natureza", reflete Pellanda.
O autor
discute a questão da alteridade a partir da convivência nas cidades. "Para
se conviver com o outro, é preciso sobretudo respeitá-lo, considerá-lo em sua
subjetividade, e aprender a ler aquilo que nos rodeia a todos, seja gente,
bicho, árvore, automóvel, asfalto ou prédio. Tudo à nossa volta pode ser lido.
Sou pedestre e leitor desde menino. E é a partir dessa experiência que faço
minhas releituras de mundo", relata.
Para o
escritor mineiro Luiz Ruffato, Pellanda é um raro legítimo descendente do
escritor capixaba Rubem Braga.
"Em suas mãos,
tudo, literalmente tudo, transforma-se em motivo para reflexão:
um corpo estendido na calçada, encontros e desencontros fortuitos, o surgimento
da lua entre as nuvens, invisíveis mendigos e prostitutas, decepções da
infância, agruras da adolescência, amores natimortos, urubus, garças, sabiás,
araucárias e, até mesmo, coisa alguma", completa Ruffato.
Profundo
conhecedor do trabalho de Pellanda, Raro de Oliveira apresenta no livro
belíssimas aquarelas da cidade, que faz da obra uma união perfeita da linguagem
verbal e a linguagem visual sobre o mesmo tema. Ele faz parte do grupo dos
Urbans Sketchers, considerados, entre desenhistas e ilustradores, artistas da
mesma família dos cronistas literários. "Estamos nas ruas, registrando o
que se passa – e às vezes o que não se passa, o que já deixou de se passar e o
que gostaríamos que se passasse", comenta Pellanda.
Para o
autor, Raro de Oliveira conseguiu, com a paleta de cores que escolheu, com a
interpretação quase nebulosa que fez das cenas descritas e dos cenários em que
elas se desenrolam, aumentar ainda mais uma sensação de mistério, ou mesmo de
artifício, que os textos de Pellanda por vezes despertam no leitor. "Não
gosto de 'esclarecer' as coisas quando escrevo, e o Raro percebeu isso, criando
ilustrações delicadas e cobertas pelo mesmo véu de dúvida que gosto de
tecer", finaliza o autor.
Sobre o autor
Luís
Henrique Pellanda nasceu em Curitiba, em 1973. Escritor, jornalista e músico, é
autor dos livros de crônicas Nós passaremos em branco (2011), finalista do
Prêmio Jabuti 2012, Asa de sereia
(2012) e Detetive à deriva (2016); e
dos livros de contos O macaco ornamental
(2009) e A fada sem cabeça (2018).
Também organizou os dois volumes da antologia de entrevistas As melhores entrevistas do Rascunho
(2010 e 2012). O autor trabalhou na Gazeta do Povo e na revista Veja. Foi
subeditor e colunista de Rascunho (jornal literário), coeditor e cronista do
site de crônicas e ilustrações Vida Breve.
Sobre o ilustrador
Raro de
Oliveira nasceu no Rio de Janeiro em 1968 e vive há 28 anos em Curitiba.
Estudou Comunicação Visual na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do
Rio de Janeiro. Em 2014, entrou no movimento de desenho de rua (Urban
Sketchers), que existe em diversas cidades do mundo. É coautor do livro Sketchers do Brasil (2016). Ilustrou
livros de poesia e realizou uma série de desenhos para a exposição Volta ao
Centro Histórico em 80 dias, em 2019.
Fonte: assessoria de imprensa